quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Uber Vs Comunicação Social

A Uber meteu-se numa complicação, lá pelos USA, que nada tem a ver com os serviços que presta.

Emil Michael - Senior VP of business - Uber


Parece que um dos seus executivos, Emil Michael - senior vice president of business, num jantar com jornalistas, colunistas, spindoctors e consultores, estava mais irritado com umas notícias sobre a Uber que tinham saído na imprensa – nomeadamente pela editora do site PandoDaily, de seu nome Sarah Lacy, que acusou a marca de sexismo e misoginia por fazer serviços de motorista para uma empresa de acompanhantes profissionais em França - e teve uma daquelas conversas que só se desculpam num bar cheio de fumo e luzes veladas, após diversos whiskeys duplos e já numa hora adiantada.

Disse ele que o que Sarah Lacy merecia era que “alguém investigasse e publicasse notícias sobre a sua via privada”, em troca. E que nem se importava de “gastar 1M de USD” para que tal acontecesse. E, mais, que “obviamente as coisas teriam de ser feitas de um modo discreto, de modo que ninguém os pudesse ligar a ele ou á Uber”.
Seria, segundo as suas palavras, “give the media a taste of its own medicine

Pois!

A juntar a estas afirmações, parece que alguém se tinha esquecido de avisar todos os convivas que o jantar seria informal e completamente off-the-record.

Pois! novamente.

Quem estava à mesa, nomeadamente o editor da BuzzFeed, não gostou do que ouviu e imediatamente fez questão de publicar estas afirmações, que incendiaram a imprensa, genericamente, e provocaram a indignação de muitos clientes e fãs da marca.

Entretanto Emil Michael já veio pedir desculpas, e dizer que foi um mero desabafo off-the-record, e que apenas expressava, perante um jantar informal, a sua frustração acerca de todos os artigos que Lacy tem feito sobre a marca. Michael declarou ainda que as suas afirmações não espelham quer a sua real opinião pessoal quer a opinião da empresa em relação à jornalista ou a qualquer media.

No entanto o assunto não ficou por aqui. Escalou. A jornalista acusa agora a Uber de comportamentos perigosos e que aquele é o tipo de postura e visão da empresa.

A Uber, entretanto, tem-se desdobrado em declarações sobre a sua visão, postura no mercado, e que nunca pensou em fazer “oppo-research” a qualquer jornalista. Mais, a empresa garantiu novamente a sua política de privacidade quanto às viagens de jornalistas e membros de media, nos seus veículos.

Mas, neste momento, a razão já não assiste a ninguém, uma vez que em contraponto às tais declarações infelizes de Emil Michael, agora a jornalista lançou-se numa violenta campanha anti-Uber que procura levar os utilizadores a abandonar o serviço e desinstalar a aplicação.

Meu comentário, que serve para os dois adversários: "o pessoal" às vezes exagera. E se o executivo teria de ter mais cuidado com o que diz, a jornalista devia cingir-se a relatar factos.

Pois! Realmente "o pessoal" às vezes exagera.

E, como diz o Jorge Pereira, um amigo meu destas coisas da comunicação: "O off-the-record é lá em casa e com a família"

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