segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A justiça e a comunicação

Não era preciso muito. Uma salita, escusa de ser grande, com umas cadeiritas – podem ser do IKEA - um estrado e um púlpito, um sistema de som mediano e, obviamente, um Wi-Fi de acesso gratuito.

Não custa muito pois não? Não são milhares…

Depois, uma pessoa que, de tempos a tempos, venha contar um resumo do que se passa e do que se vai passar de seguida. Sem, obviamente quebrar o famoso segredo de justiça – que, como se sabe, é tipo “passador de chá”, mas enfim – essa pessoa pode trazer um comunicado, um ponto de situação, uma súmula dos acontecimentos, e uma previsão do que se vai passar de seguida.
Sim porque, quero crer, estas coisas tem planeamento, estruturação, regras. Sabe-se oq ue se vai fazer de seguida. E não se quebra o segredo de justiça, creio, por dizer que o interrogatório ainda não começou ou se o arguido vai ficar para jantar…

Como já devem ter percebido falo de uma realidade alternativa àquela que, a cada minuto, nos entra pelos olhos dentro via comunicação social media. Falo da cobertura mediática dos casos de justiça.

Não seria mais fácil fazer um pequeno investimento nas condições de trabalho e regulamentação da cobertura noticiosa do que se passa nos tribunais, principalmente em casos do chamado high-profile?

Que espectáculo absurdo e medieval damos a todo o mundo quando, em casos como o de Sócrates, vemos os jornalistas a especular, opinar, inventar por vezes, histórias do que se poderá estar a passar e como e porquê e com quem, e a espreitar pelas frestas das janelas, pelo gradeamento das garagens e pelos vidros escurecidos dos carros.



Foto da revista Visão, tirada pelo gradeamento do portão da garagem


Não era mais simples, menos amador e mais crescidinho ter um departamento de comunicação do Campus de Justiça, onde profissionais viessem falar com os media, dar pontos de situação periódicos e informações relevantes – as que se possam dar, bem entendido – num espaço com as devidas condições para que os profissionais possam relatar os factos?

É preferível esta guerra surda de informação entre a justiça e a comunicação social, este jogo das escondidas, este permanente “condicional” no que é dito e mostrado, este espectáculo deplorável que temos vindo a assistir?

Já chega o prato em si, não é necessário juntar condimentos (neste caso pimenta…)


Edit: P.S - Este post tem pouco de digital... mas compensa em mero bom-senso, não? ;)



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